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Mustaine: “Aos 15 entrei na magia e conheci o lado negro!”

J. Bennett, da revista Decibel, conduziu uma entrevista com o líder doMEGADETH, Dave Mustaine, em maio de 2007.

Decibel: Como anda sua sobriedade?

Dave: Minha sobriedade? Bem, se você quer dizer se eu uso drogas, não. Mas eu não sou uma pessoa sóbria; Eu tomo um copo de vinho de vez em quando. Enquanto estava no AA, descobri que lá era muito perigoso porque eu aprendi muito mais como ficar chapado no AA do que com qualquer droga que eu já usei. Então eu fui direto ao ponto. Ao invés de sentar numa sala com um monte de gente falando como eles ficavam chapados, eu decidi ir conversar direto com Deus, e não ter que pagar toda semana. Mas eu não tenho nada contra o AA – o verdadeiro AA salvou minha vida num ponto, mas não podia me levar aonde eu queria ir. Mas isso é uma coisa que eu tenho que trabalhar todo dia. Existem pessoas pelas quais eu rezo. Existem pessoas pelas quais eu rezo porque as amo, e tem pessoas pelas quais eu rezo pra ir pro céu imediatamente (risos). Mas eu não tenho uma lista negra.

Decibel: Você mencionou a Igreja Católica antes – você é católico?

Dave: Não. Mas está bem documentado que a primeira corporação da história foi a Igreja Católica, e isto não é um elogio a nenhum católico ou coisa parecida.

Decibel: Não era aí que eu queria chegar. É que eu não conheço muitas pessoas “de fé” que aceitem o fato da Igreja Católica ser uma corporação. Elas parecem bem iludidas sobre isso.

Dave: Sim, mas eu sou bem transparente.

Decibel: Há alguns anos atrás, você se recusou a tocar com ROTTING CHRIST e DISSECTION. Você adota algum tipo de política sobre tocar com certas bandas?

Dave: Não é necessariamente uma política, eu apenas sigo meu coração. Antes, eu seguia a minha cabeça, mas o meu coração está mais próximo do meu estômago. Quando eu via certas coisas que eu não concordava, eu virava o rosto antes. Eu nunca gostei de cantar sobre Satã e achar que ele é legal, porque não é. Quando eu tinha 15 anos, eu entrei na bruxaria e magia negra, então por 30 anos eu conheci o lado negro da força, e levei uma eternidade pra quebrar esses laços. Não existe um jeito legal pra cantar sobre Satã – você parece um Punk. Por exemplo, vocês sabem que MERCYFUL FATE é uma das minhas bandas favoritas, mas as letras, pra mim, não dizem nada. Não quero envergonhá-los, mas não é a minha praia. Enquanto eu tocava com as bandas que eu gosto, comecei a pensar ‘sabe do que mais, Dave? Você é o líder. Se você não quiser tocar com bandas que te deixam desconfortável, não toque’. Especialmente se eles cantam sobre o inimigo confesso de alguém que você acredita – quer dizer, que idiota vai pro palco com o inimigo confesso? Seria como dois rappers que se odiassem e decidissem sair juntos.

Decibel: King Diamond é definitivamente satanista, mas o satanismo é um tipo de ‘máscara’ para algumas bandas.

Dave: Você acha que é uma máscara?

Decibel: Sim, definitivamente.

Dave: Mas você diz essas coisas, é real. Palavras são reais. Lembre-se, eu estava do lado negro – você não. Ou estava?

Decibel: Não, mas porque isso faz diferença?

Dave: Dizer que você é um satanista confesso? Eu não fico intimidado com eles, porque eu sei que eles são tão miseráveis quanto eu fui um dia. Mas isso é uma guerra espiritual e não tem nada a ver com uma entrevista do MEGADETH. E muita gente não liga para o que eu acredito – eles só querem ouvir o que eu toco, e eu fico feliz com isso. Como o líder que eu sou, que vendeu tantos discos como eu vendi – e esse é o ponto alto da minha carreira, aonde eu posso aproveitar meus anos de vida que restam – eu não quero desperdiçar. O promotor [do show] os dispensou e eu fiquei furioso. Foi algo como ‘bem, Por que vocês os colocaram em primeiro lugar? Agora que eles já estão dentro, não os dispense. Nós saímos e tocamos outra noite’. Eu nunca demitiria uma banda se eu não concordasse. Se eu soubesse disso a tempo e eu concordasse e mudasse de idéia, aí seria sacanagem, certo?

Decibel: O que eu quero dizer é, muitas dessas bandas são só fachada – que você não deveria se preocupar com suas crenças, porque para alguns, é só uma atuação. E até mesmo os satanistas não passam muito tempo odiando Deus.

Dave: Bom, a única banda que eu tive problema era de outro continente e o vocalista era culpado de um duplo homicídio [se referindo ao DISSECTION] e eles estavam no show em Israel. Eu deixei algumas coisas claras para o meu agente: eu não quero nem peitos nem bundas nas minhas camisetas, porque eu acho isso infantil, e quando se trata de coisas satânicas, eu acho que falta algo. Você pode ser muito mais pesado com coisas tipo uma bomba nuclear do que um pentagrama. Quer dizer, o que é mais assustador: gás UX ou uma cruz de cabeça prabaixo? Então quando eu soube que eles estavam escalados para tocar, eu disse ‘quer saber? Nós não podemos tocar’. Eles foram colocados prá fora e eu pensava ‘Meu Deus, porque fizeram isso?’ A situação me fez parecer um fanático e não mostra o amor que eu tenho ultimamente, que eu queria compartilhar com esses músicos. E isso seria o ponto alto de uma carreira, porque o que mais eu tenho a ganhar? Um Grammy e entrar no Hall da Fama do Rock ‘n Roll? Todo mundo acha o máximo colocar as mãos no cimento em frente ao Guitar Center. Mas essas são as coisas que eu estou procurando? Eu já tenho tudo o mais que eu preciso: uma linda mulher e filhos – um filhote – tudo na minha vida está certo. Eu estou indo pro Havaí mês que vem pra ficar bronzeado para a próxima turnê e ver se consigo não ficar parecendo uma folha sulfite. Toda vez que vou à praia fico parecendo um bacon.

A entrevista completa pode ser lida na edição de junho/2007 da revista.

 

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