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Metallica: Jason Newsted, 14 anos de humilhação

Mesmo com o forte impacto causado pela morte do grande baixista Cliff Burton, em 1986 o Metallica conseguiu reunir forças e retomar sua carreira. O processo de escolha do substituto de Cliff começou logo após o funeral, em salas especiais de Hayward, onde a banda costumava ensaiar. Entre os mais de 60 candidatos que deram as caras havia alguns dignos de nota como Les Claypool, Willy Lange, Doig Keyser e Tory Gregory.

Numa terça-feira, exatamente 3 semanas após o funeral de Cliff, um rapaz chamado Jason Curtis Newsted entrou em Hayward e ligou seu baixo. Foi assim que um grande fã tornou-se membro do Metallica. O próprio Jason afirmou “eles são a minha banda favorita de todos os tempos”. O que Jason não sabia era que além de integrar sua banda favorita, seria vítima de um dos maiores casos de bullying da história da música.

 

Segundo Ross Halfin, fotógrafo da banda, começou como brincadeira, os outros pegavam táxi juntos e faziam Jason pegar um sozinho, mas foi muito além disso. Bobby Schneider, manager do Metallica, concluiu: “Jason se encaixava em termos musicais, mas a chacota era terrível”. Primeiro, num clima de piada, depois começaram a vir os integrantes e depois toda a equipe, e o bullying se tornou rotina.

Diziam para as pessoas que ele era gay, pediam refeições e bebidas para o quarto dele sem avisar, invadiam o quarto às 4 da manhã gritando: “Levanta, seu puto! Hora de beber, sua bicha!”. Arrancavam o colchão com Jason ainda deitado e empilhavam tudo que estivesse no quarto – tv, cadeiras, mesa – em cima dele.

Em uma entrevista, 15 anos depois, Jason lembrou: “Eles jogavam minhas roupas, fitas cassetes, sapatos, pela janela. Espalhavam pasta de dente em todos os lugares. O único motivo que me fez aturar foi porque o Metallica era o meu sonho se tornando realidade.”

Mas a maior humilhação foi a ausência do baixo no álbum And Justice For All, algo imperdoável, uma vez que aquele era o seu primeiro álbum com o Metallica. Ao longo dos anos, houve uma variedade de explicações para isso, desde a acusação de que Lars e James haviam diminuído o volume do instrumento durante a mixagem como parte da humilhação que infligiam, até a sugestão de que não havia espaço suficiente entre o ritmo em ‘staccato’ da guitarra de James e o bumbo estrondoso de Lars, em termos técnicos, para que o baixo pudesse ser ouvido.

“Me senti na sarjeta.” disse Jason alguns anos depois.

O problema era: o Metallica não tinha contratado apenas um baixista, mas um fã. Eles tinham substituído o cara que todos admiravam por aquele que todos desprezavam. Jason “Newkid”, um apelido que era uma provocação. Eles magoavam Jason – e fariam isso com qualquer outro – por ele ter caído de paraquedas na história da banda.

Que se dane o baixo dele! Abaixe o volume!

A gota d’água veio em 2001,quando Jason queria lançar um álbum com o seu projeto paralelo, o Echobrain, e James não deixou. Durante uma reunião de 9 horas em um hotel em São Francisco, Jason recebeu o ultimato: esquecer o Echobrain e ficar no Metallica ou lançar o disco com o Echobrain e esquecer o Metallica.

Jason saiu no mesmo dia,alegando “razões particulares e problemas físicos causados por tocar a música que ele amava.”

14 anos, 6 discos e somente 3 miseráveis créditos de co-autoria. Esse pode ser o resumo da carreira de coadjuvante de Jason Newsted no Metallica.

 

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