Para um homem cuja fortuna é estimada em mais de 100 milhões de dólares [cerca de 215 milhões de Reais], BRUCE DICKINSON não precisa trabalhar, muito menos correr atrás da criação de uma nova companhia aérea e de uma empresa de manutenção de aeronaves, aliadas às exigências de uma turnê mundial de 36 datas durante a qual ele se apresentará para um público total de por volta de 1.5 milhões de pessoas em 30 países diferentes.
Mas até aí, o frontman do IRON MAIDEN não é qualquer milionário. Sentado com sua surrada agenda de mesa e um celular Nokia de 10 anos de idade na frente dele, Dickinson foge das armadilhas da riqueza em favor da mescla de sua paixão por tocar para grandes plateias com o que se tornou o emprego diário do roqueiro de 54 anos.
“A razão pela qual eu faço todas as coisas que eu faço agora é porque eu as adoro. A vida é curta demais para fazer as coisas que você não gosta de fazer”, diz Dickinson. “Se o seu único árbitro de tudo é dinheiro, na real, você deveria sair e roubar bancos.”
Ao invés disso, Dickinson escolheu investir seu tempo e um pouco de sua fortuna em uma empresa galesa de aviação que ele espera poder empregar até mil pessoas num prazo de cinco anos.
Seu investimento na Cardiff Aviation – uma joint venture com o sócio Mario Fulgoni – segue sua vida de 20 anos como piloto, tempo no qual ele acumulou mais de sete mil horas de voo.
Ele liga seu amor por voar aos parentes que foram da RAF, e ao baterista da banda, que o levou para um voo após aprender a pilotar nos anos 80, no auge da fama da banda.
“O tendencioso pensamento me ocorreu, se um baterista dá conta de aprender a pilotar, qualquer um também consegue.”
“Daí, um dia de férias na Flórida, eu decidi ter uma aula demonstrativa, por 35 dólares, o que mostra quanto tempo atrás foi isso. E eu tive o que só pode ser descrito como uma experiência semi-mística, foi realmente uma epifania.”
Ao tirar sal brevê em 1991, ele começou com aviões pequenos, e depois com um turboélice de dois motores, e daí se deu conta de que o próximo passo seriam os jatos. Depois de estudar mais num curso noturno em seu tempo de folga, ele começou a pilotar o avião da banda. Seu primeiro emprego foi pra British World Airlines, que faliu logo depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, o que o levou a começar a trabalhar para a empresa islandesa Astraeus.
Contudo, a própria Astraeus foi à bancarrota em Novembro de 2010. “Eu fiz a última aterrissagem da Astraeus”, ele comenta. “Ela faliu quando eu estava em pleno ar entre Jeddah e Manchester, levando 220 peregrinos Hajj para o BMI.”
A empresa ficou tão quebrada que ele teve que trocar de roupa no banheiro de um café no aeroporto de Manchester, antes de tentar, no dia seguinte, salvar a empresa.
Depois de ficar claro que não havia o que ser salvo, Dickinson voltou suas atenções para uma empresa galesa de manutenção de aeronaves que estava prestes a fechar as portas. Com Fulgoni, que tinha sido chefe executivo da Astraeus até nove meses antes de sua derrocada, ele investiu nas instalações, uma antiga base do Ministério da Defesa, a três milhas do aeroporto de Cardiff com uma pista de 2 mil metros e uma sede que estava quase encerrando suas operações.
“O sul de Gales é um portal da aviação”, diz Dickinson, baseado no número de outras firmas localizadas na região. Comparando com seis meses atrás, a empresa está empregando de 60 a 70 pessoas, com os salários sendo pagos com lucros, algo do qual Dickinson é extremamente orgulhoso.
“Temos, no momento, um turno de manutenção em tempo integral, e já que financiamos tudo do nosso próprio bolso, nossos custos estão bem contidos.” Maiores investimentos – que permitirão mais turnos e a criação de mais empregos – devem vir de um investidor externo, com o qual ele negocia no momento. […]