Vinil: criador da Tower diz que superioridade do som Ă© psicolĂłgica
RUSS SOLOMON, o fundador da finada mega-rede de lojas de discos TOWER RECORDS, agora com 89 anos de idade, começou vendendo discos de 78 RPM na farmácia de seu pai em Sacramento, na CalifĂłrnia no fim dos anos 30, viveu toda a trajetĂłria do ramo de venda de discos, desde a chegada ao mainstream nos anos 40 e 50 atĂ© a explosĂŁo do nicho nos anos 60 e 70, atĂ© o total declĂnio de seu sĂłlido impĂ©rio, no fim dos anos 90.
Na onda da estreia do documentário All Things Must Pass, sobre a ascensão e queda do trabalho da vida de Solomon, o ex-magnata conversou com o jornalista Frank DiGiacomo sobre vinil, o que deu errado com CDs e singles, e até se ele ainda compra discos.
Abaixo, uma tradução de um trecho da conferência.
Em que momento vocĂŞ notou que os discos de vinil estavam desaparecendo e quando foi que vocĂŞ ficou sabendo que eles estavam voltando Ă moda?
Eles começaram a sumir logo depois de 1983, quando o CD chegou, mas apesar de o ramo do vinil ter sido reduzido a virtualmente nada, ele nunca desapareceu por completo. Havia um underground do vinil, e no começo dos anos 80, você tinha o advento de empresas como a Mobile Fidelity, que remasterizavam e prensavam discos em vinil de maior qualidade. As prensagens japonesas também eram muito melhores que as americanas.
E a que você atribui a ressurreição do formato?
Você está falando sobre quando, do nada, ficou um pouco mais descolado comprar discos de vinil? Isso começou na verdade com aqueles pretensos discos de alta qualidade prensados em 140 gramas, 180 gramas ou 220 gramas, mas eles tinham preços terrivelmente altos. E isso evoluiu para alguns artistas de rock lançando novos discos em vinil, e os colecionadores abraçaram. A verdade é que ainda se trata de um mercado de colecionadores, apesar de eles terem vendido uns 9 milhões de cópias ano passado. A maioria não é prensada em material de alta qualidade.
Por que as pessoas sĂŁo tĂŁo ligadas romanticamente ao vinil?
Eu acho que se trata basicamente da colecionabilidade dele. Há algo de comum no CD, enquanto o LP Ă© um pacote. Tem o trabalho artĂstico e as letras e agradecimentos. É leitura. Alguns colecionadores de LPs sĂŁo de fato dĂ©beis mentais. A capa Ă© mais importante Ă s vezes do que o disco.
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Qual sua opinião sobre o que as pessoas dizem, de o vinil soar melhor – mais quente – do que os CDs?
Isso pode soar como heresia, mas eu acho que isso Ă© mais psicolĂłgico do que verdadeiro. Tecnicamente, vocĂŞ nĂŁo tem como colocar a mesma quantidade de gama de frequĂŞncias em um LP do que consegue em um CD de jeito algum. É simplesmente impossĂvel. Mas isso nĂŁo quer dizer que discos de vinil nĂŁo soem bem e que nĂŁo soem quentes e que haja algo de confortante em seus ruĂdos. Há um tipo de sentimento nostálgico na coisa toda, o que Ă© algo bom, nĂŁo ruim.
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